Nosso Medo de Amar


O amor! Talvez a palavra mais repetida, e a menos vivida. A mais almejada, mas também a menos abraçada. A quem diga que uma poesia só fica boa se o poeta não é correspondido. É na falta, na falha, do desejo do que não tem, ou saudade do que um dia teve.

De todas as facetas que o amor tem (ao próximo, ao parente, as coisas, a si próprio, ao conjuge, a Deus), nenhuma deixa de ter o principal - e talvez único - obstáculo. O medo e esse medo é de Entregar.

Amar é doar-se, desprender-se, renunciar-se. Em outras palavras é entrega. É impossível amar e não se entregar. Entrega é o começo, é o meio, é o fim de se amar. Portanto, o medo de se entregar se torna o principal oposto de se amar, pois não se ama se não entrega.

Então, porque existe esse medo?

Perda! Quem entrega oferece, dá, e portanto, perde, então quem quer perder? Seria então louvável não amar, ou amar pouco para não perder ou perder pouco?

Já dizia Beto Guedes, poeta e cantor, que "o medo de amar é o medo de ser livre". Isso implica que quem vive segundo o amor se torna responsável por aquilo que faz, parafraseando o Pequeno Príncipe "você se torna responsável por aquilo que cativas". Porém, vou TAMBÉM (porque não elimino o fato do medo da liberdade) o medo de se tornar preso e as pessoas não querem ser presas a nada e ninguém.

O verdadeiro amor é em primeiro lugar, aquele que não pensa em si mesmo. O amor não é pra você, é para o outro. Se aprendermos isso haverá uma revolução no nosso ato de conectar! Por isso o amor não pode ser exigido. Por isso o amor espera, suporta, sempre acreditando.

Portanto, o medo de amar é o medo de se entregar e a cura para esse medo é, paradoxalmente, é amar de verdade (não pensando primeiramente em si mesmo) pois "o amor perfeito lança fora todo medo". É o amor louco que não exige razão, apenas valor, sentimento e ato de amar.