Era uma noite de domingo. Depois de festejar o aniversário de 5 anos da minha igreja, convidei um amigo pra jantarmos na minha casa.
Para nossa surpresa, quando chegamos lá só vimos as sobras. Famintos por causa da viagem, minha irmã e família comeram quase tudo. Resolvemos então comer fora. Fomos a lanchonete numa praça próximo de casa. Foi quando eu vi Jesus. Estava sujo, descabelado e com duas sacolas cheia de latinhas amassadas. Passava em cada mesa pedindo o dinheiro do passagem de ônibus. Infelizmente, não tinha. Ele passou por outras mesas e um até pediu dinheiro emprestado a ele, sendo, é claro, sarcástico.
A minha visão não foi de uma neurose de que Jesus se transformou naquela pessoa, ou era um "Jesus Hombre" encarnado, mas da mesma verdade que ele usou referindo a si mesmo como sendo o faminto, desabrigado e o preso. Nessa caso, era uma mulher pobre, fardada pela vida difícil, abatida pela frustração e carência dos pais.
Depois desse episódio dela ter ouvido o sarcasmo do rapaz, saiu resmungando e assim olhou pra mim e começou a falar da sua vida sofrida, e eu a convidei para sentar junto com a gente. (Essa gente gosta de conversar comigo e eu amo ouvi-las. Dizem que eu atraio "doidos" hehe). No estante em que contará sua história, eu percebi um certo sotaque espanhol e a perguntei se sabia falar em espanhol, e ela em espanhol me respondeu que sua nacionalidade é no Peru. Nesse momento minha mente se perdeu na história dela, e comecei a presumir sua vida. No desenrolar dos acontecimentos ficava mais explícito seu sofrimento.
No fim da conversa, com o troco do nosso lanche, eu dei o dinheiro da passagem pra ela, mas antes sair me despôs a fazer-lhe uma oração. Falei a respeito de Jesus e da vida abundante que ele promete àqueles que crêem, vida essa, abundante de alegria incondicional e não em bençãos e riquezas. Depois disso dei-lhe um forte abraço e ela saiu muito grata.
Isso me fez refletir depois: Pra que estamos fazendo tantos cursos, reuniões, eventos, conferências e orações? Esse esforço é pra que? Podemos sutilmente fazer tudo isso e esquecermos do propósito disso. O já está no nome Igreja significa "sair para fora". Temos o risco de não vivermos isso, de ficar tão bitolados nos prédios, nas construções e reformas, nas células e esquecermos desses "Jesuses".
Jesus, o protótipo de ser Igreja, fez questão de dedicar a maior parte do seu tempo com os necessitados. Os pecadores desprezados pela sociedade. Tiago fez mensão de escrever "Se alguém se considera religioso (alguém que busca a Deus), mas não refreia a sua língua, engana-se a si mesmo. A religião que Deus, o nosso Pai, aceita como pura e imaculada é esta: cuidar dos órfãos e das viúvas em suas dificuldades e não se deixar corromper pelo mundo." (Tg 1:26-27)
Lembre-se: A lei de Cristo está nisso: "...a justiça (Vontade de Deus), a misericórdia (Favor imerecido-amor) e a fidelidade (fé com prática)." (Mt 23:23)
